Categoria: Notícias
Data: 26/06/2023
CRÔNICAS DE UMA VIAGEM AOS ESTADOS UNIDOS

Embora a pequena Princeton, em Nova Jersey, tenha um interesse turístico limitado, é de grande relevância para os apreciadores da história, principalmente a história do presbiterianismo. Depois de conhecer a famosa universidade, chegou a vez de visitar o antigo cemitério local, situado na rua Witherspoon, a apenas três quadras da rua Nassau, a principal da cidade. A necrópole está repleta de túmulos de celebridades, mas o interesse principal se concentra numa parte próxima à rua Wiggins. Aí se encontra a “Ala dos Presidentes”, uma fileira de túmulos de antigos presidentes do Colégio de Nova Jersey, aproximadamente na mesma sequência em que eles serviram a instituição.

O primeiro túmulo é de Aaron Burr Sr., o segundo dirigente (1747-1757), após o breve mandato de John Dickinson. Foi casado com Esther Edwards. A seguir, vem o de Jonathan Edwards, sogro de Burr, que morreu pouco mais de um mês após assumir o cargo (22/03/1758), em consequência de uma vacina experimental contra a varíola. Nesse ano trágico também morreram Esther, filha de Edwards e viúva de Burr, com apenas 26 anos, e sua mãe Sarah, com 48 anos. Como é amplamente conhecido, Edwards foi uma figura exponencial no cenário religioso dos Estados Unidos, tendo se destacado como pastor, avivalista, teólogo e escritor reformado. Era filiado à igreja congregacional, mas nutria grande simpatia pelos presbiterianos.

Seu túmulo possui um extenso epitáfio em latim que cobre toda a laje superior. Depois de alguns dados biográficos, a inscrição prossegue: “Que tipo de pessoa buscas, ó transeunte? Ele era um homem alto e delgado, emagrecido pelo intenso estudo, abstinência e aplicação. Não tinha igual na sutileza penetrante do seu gênio, no juízo agudo e na prudência. Distinguiu-se por sua aptidão nas artes e ciências liberais, o melhor dos críticos sagrados, um teólogo eminente e sem par. Um debatedor franco; um forte e invencível defensor da fé cristã; um pregador impressionante, sério, perspicaz e, pela bênção de Deus, muito bem-sucedido. Eminente na piedade, severo na moral, mas justo e atencioso com os outros. Ele viveu amado, reverenciado, mas, morto, deve ser lamentado. Que lamentações sua partida evoca. Ó tanta sabedoria, erudição e religião! O colégio chora a sua perda, a igreja o chora. Mas na sua recepção o céu se alegra. Vai, transeunte, e segue seus passos piedosos”.

Na sequência estão os túmulos de Samuel Davies (1759-1761) e Samuel Finley (1761-1766), que morreram relativamente jovens. Vem a seguir a figura extraordinária do pastor escocês John Witherspoon (1768-1794), que, em seu longo mandato, como foi visto na crônica anterior, deu enormes contribuições ao colégio, à igreja presbiteriana e ao país, tendo notável participação no processo de independência dos Estados Unidos. O túmulo seguinte é o de Samuel Stanhope Smith (1795-1812), seguido pelo do professor de matemática Walter Minto. Por último, vem o túmulo de Ashbel Green (1812-1822), destacado pastor, falecido em 1848, que era muito admirado pelos pais do Rev. Simonton, o que os levou a dar ao menino o nome desse líder.

Defronte ao túmulo de Edwards está o de seu neto Aaron Burr, que foi vice-presidente dos Estados Unidos (1801-1805), mas ficou com a reputação manchada para sempre por ter assassinado em um duelo um dos pais fundadores da república americana, Alexander Hamilton. Nas proximidades também se encontram os túmulos de Archibald Alexander (primeiro professor do Seminário de Princeton), Charles Hodge (terceiro professor, grande teólogo), Benjamin Breckinridge Warfield (um dos últimos professores reformados desse seminário), Grover Cleveland (presidente dos Estados Unidos) e muitas outras personalidades.

O último local visitado foi o Seminário Teológico de Princeton, cujo edifício principal, o majestoso Alexander Hall, teve sua pedra fundamental lançada em 26/09/1815, três anos após o surgimento da instituição. Seu nome homenageia o primeiro professor, Archibald Alexander (1812-1851). Nesse edifício histórico residiu e estudou de 1855 a 1858 o jovem Ashbel Green Simonton. Do outro lado da Mercer Street está localizada a magnífica e arrojada biblioteca do seminário, que contém muitos materiais referentes ao Brasil. Na famosa instituição estudaram muitos dos principais implantadores do presbiterianismo no Brasil, o que foi uma maneira adequada de encerrar essa empolgante viagem aos Estados Unidos.

O Rev. Alderi Souza de Matos é o Historiador da IPB


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Autor: Jornal Brasil Presbiteriano   |   Visualizações: 1034 pessoas
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